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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A música feita na Jamaica: como ela influenciou o rap, hip hop e a música eletrônica.

Para aqueles que pensam que na Jamaica só existe reggae, Bob Marley e rastafaris, este post é especialmente dedicado.
A Jamaica, país localizado bem perto de nós, na América Central, é o berço de muitos gêneros musicais. Pra começar, apenas 10% da Jamaica é rastafari.
Voltando a música, o estilo mais conhecido mundialmente é de fato o reggae, mas também temos o rocksteady, ska, dancehall, ragga, dub, e o efeito causado por eles no desenvolvimento musical de outros países, como por exemplo: o rap e o hiphop, e até mesmo a música eletrônica, de certa forma. Outro estilo surgido na Jamaica, tendo por influência as ilhas caribenhas e o Calipso, foi o Mento. Ele foi o primeiro estilo a impulsionar a criação da indústria fonográfica jamaicana, na primeira metade dos anos 50.
Influenciados pela música que estava rolando na época nos Estados Unidos (Soul e o R&B [rhythm & blues]) surgiu algo totalmente diferente do que se ouvira até então: ritmos de rituais rastafaris com o vocal do blues. Era o início de um movimento de revalorização da cultura da ilha, os tambores afro estavam ganhando os rádios.
Quando a Jamaica finalmente se libertou da condição de colônia da Inglaterra, o novo ritmo chamado de “Ska” chegou para declarar a independência jamaicana, o grande nome deste estilo é Prince Buster e a banda Skatalites. Era tocado com instrumentos de sopro (sax, trombone, trompete). Tocaram com os maiores talentos que estavam surgindo na ilha, inclusive com o Bob Marley.
Uma série de fatores culturais e geográficos fizeram esta música “Ska” evoluir: a ilha ser pequena e pobre, nenhuma participação de gravadoras multi-nacionais, não se gravavam álbuns inteiros (LPs) apenas compactos de 7 polegadas (com uma ou duas faixas de cada lado). Assim, a produção e divulgação das músicas era tão ágil que as faixas eram gravadas e mixadas durante a manhã, prensadas à tarde e tocadas à noite nos bailes, os “sound systems” (sistemas de som), onde só precisava haver um simples toca-discos ligado a uma ou duas caixas de som, mas que tinha potência suficiente para colocar todos para dançar.
Por tudo isso, no verão de 1966, o Ska seria substituído no coração do público da ilha por uma nova batida, o Rocksteady. Mais lento que o Ska, e com o piano e baixo proeminente (lembra até mais o Blues). Os grandes nomes do estilo: Alton Ellis e Ken Boothe. Com suas composições relacionadas à batida e ao protesto social, a música serviu como um precursor ao reggae. Daí viria então o tão famoso reggae, nos final dos anos 60. O ritmo divide-se em dois subgêneros, o “roots reggae” (o reggae “original”) e o “dancehall reggae”, que é originário da década de 70. Uma das características do reggae é a crítica social, como por exemplo cantar a desigualdade, o preconceito, a fome e muitos outros problemas sociais, um modo de alertar e incentivar o povo a se mobilizar contra seus problemas.
Depois do reggae, viriam o dancehall e o dub. Caracterizado por um DJ ou MC, que canta e produz as próprias batidas com recursos musicais do reggae. Isto, claramente, em plenos anos 70, é o início do rap e do hip hop: rimas, DJs, batidas eletrônicas ou não.
O Dub, outro estilo jamaicano, já seria com toda certeza o início do famoso “Remix” (tirar pedaços de uma música, dar ênfases a outras partes) que se fazem constantemente em diversas músicas hoje em dia (grandes nomes do início do dub: Lee Perry e King Tubby). E isso era pleno final da década de 60.
A música eletrônica também já estava vendo seu pequeno início lá na Jamaica, nesta minúscula ilha de uma absurda diversidade musical sem fim.
Quer entender mais como o Dub jamaicano influenciou a música eletrônica? Aqui tem um texto completo só sobre este tema, e os 40 anos do dub.
Mais sobre o Dub? Documentário brasileiríssimo do carioca Chico Dub e do jornalista Bruno Natal sobre a influência do Dub na música eletrônica.
Quer ir numa verdadeira soundsystem onde toca só vinis de vários estilos da música jamaicana? Dia 2 de maio, de graça na virada cultural da cidade de São Paulo, do lado da praça da Sé, Rua Irmã Simpliciana (Em frente ao Metro da Sé).
E pra baixar música jamaicana, esses dois blogs aqui disponibilizam álbuns de todos os estilos da Jamaica e de graça, claro. Aqui e aqui.
E pra finalizar: GALERIA DE FOTOS. A história da música da Jamaica em fotos, tudo o que eu contei nesse texto você confere nesta galeria.(créditos da postagem á http://www.agitobrasil.com.br, Lívia Agostinho)